Descobri que minha liberdade e meu excesso de rebeldia (como
dizem), incomodam as pessoas. As pessoas estão presas no limite criado pela
sociedade, e numa ideia fajuta de liberdade, e por fim se sentem desconfortáveis quando outras
pessoas resolvem não seguir esse padrão. Sou dessas que não segue padrão algum,
e assim eu fiz, tentei ser livre no amor, e o outro não compreendeu minha
liberdade, minha transparência e o meu não-se-preocupar-tanto. Enquanto amava, tentei demonstrar um afeto que
não era coberto por exageros e por superficialidades. Enquanto amava tentei não ser tão exigente,
pois isso iria contra todas as minhas ideias sobre um relacionamento estável.
Tentei não tornar o outro um objeto de necessidade, e fui compreendida como
misteriosa ou então não tão afetuosa. Quando na verdade o que eu queria era ser
a pessoa mais ideal. Ideal no sentido de que não me permitira invadir o espaço
que pertence ao outro. Esse não
ultrapassar o limite do outro, se tornou um estado de estar constantemente distante/ afastada. Tentei ser livre nas minhas amizades, e fui
compreendida como mesquinha por não estar tão por dentro dos padrões sociais.
Das festas, dos bares, e das conversas.
Ser livre tem um preço muito grande, e um dos preços maiores
da liberdade é achar que a liberdade
distancia o outro, ou até mesmo afasta a fidelidade dos relacionamentos
afetivos. Ser fiel não é estar disponível para o outro a todo o momento, ou até
mesmo ter relações com outras pessoas. Ser fiel é ser sincero. A sinceridade é o maior exemplo de fidelidade
pra mim. Outros interesses podem surgir
enquanto duas pessoas se relacionam, a fase do olhar para fora da relação é
extremamente importante. A liberdade
está encaixada exatamente nesse ponto.
Liberdade é ser fiel com o outro, e acima de tudo, é ser fiel consigo
mesmo. Liberdade não é dividir um espaço
entre duas pessoas, pelo contrário, é saber que embora haja uma cumplicidade, o
outro precisa de tempo/espaço para
relacionar consigo mesmo.
Liberdade não é de tal forma, deixar o outro de lado para
viver de acordo com os ideais. Liberdade é saber separar as ideias e juntar o
que da pra juntar.
O problema do desequilibro em relações assim, é quando o
outro não consegue compreender as ideias do parceiro. É quando ambos, embora sustentados pelo mesmo
teto, não enxergam a parede do lado esquerdo da cama (que fizeram sexo na noite
passada) na cor azul. Para o outro ela é
branca e ponto. Nós, pessoas que lidamos
abertamente com a liberdade do outro e com a própria liberdade estamos sujeitas
a perder amores e amizades por uma simples ideia egoísta, de que somos seres
individuais.
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