quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Borboletas no estômago.


Eu sabia que ele voltaria a qualquer momento.
Eu estava parada segurando um café na rua central, e quando dou-me por despercebida, ele estava me fitando de longe. Um óculos retro, uma blusa xadrez e uma bermuda jeans. O cabelo totalmente bagunçado e o sorriso extravagante. O meu coração estava partido das relações afetivas passadas, e a única coisa que eu poderia fazer era dar tchau, e sair andando. Sentia que não estava pronta para novas proximidades.  Ele veio caminhando pro meu lado, e disse quase que sussurrando: “Eu li aquele seu texto no jornal, e me apaixonei pela escrita”. Quando essas palavras entraram de prontidão na minha alma, eu percebi que mesmo depois de tempos, alguém estava me olhando, observando, mesmo que distante. Eu sorri, e disse: “Por quê não me procurou antes? Já faz alguns meses que publiquei.” Ele mais que depressa: “Você namorava, oras.”  Ele ficou envergonhado e começou a ficar olhando para os lados, como se estivesse procurando alguma coisa.  Fomos caminhando pela cidade, que estava em comemoração pelo natal. Eu disse que não gostava muito do Natal, e ele disse que compreendia. Ôhh céus ! A cada vez que ele falava que me compreendia, me dava uma vontade imensa de abraça-lo e perguntar por onde ele andou esse tempo todo. Ele era mais velho, uns 24 ou 25 anos, cursava sociologia, e sabia falar de todos os assuntos que me interessavam, por vezes até fiquei sem graça pela grandiosidade do seu conhecimento.
Ele era belo, e eu sabia que eu precisava dele na minha vida, mesmo que conhecendo-o em duas ou três horas de caminhada juntos.  Ele tinha uma mania de mexer nos seus cabelos castanhos e sorrir de lado, mania essa que me deixava toda angustiada e sem saber o que fazer. Seus cabelos eram grandes, e faltavam cores nas suas peles. Ele era branco como a neve, e quando falava de amor, sua bochecha fica rosa, e era nesse momento que eu sentia uma vontade imensa de beija-lo.  Ele até brincou que eu sabia bem discursar sobre o amor, e eu respondi com uma voz bem aguda: “É que eu vivi o amor nesses últimos meses.”  Ele olhou com aquele olhar de mistério e me perguntou: “O que é viver o amor nesses últimos meses?” Eu não sabia bem o que responder, e pouco compreendi o que quis dizer nessa frase, mas tentei argumentar dizendo que havia amado uma pessoa nesses últimos meses, e que fora um fracasso,  a não ser pelo que aprendi  através da convivência. 
Entramos num barzinho hippie e ele me perguntou se eu gostaria de beber alguma coisa. Eu nunca fui muito fã de bebidas alcoólicas mas acabei aceitando tomar um vinho. Já era 23:00 e fazia tempos que caminhávamos pela cidade. Conversamos, e  por vezes esbarramos as nossas mãos. Por fim, ele segurou na minha mão, olhou nos meus olhos e disse: “Adoraria te beijar”.
Na mesma hora o meu lado Angélica racional de ser, me disse que era loucura beija-lo no primeiro encontro, e ao mesmo tempo o meu corpo impulsionava para perto dele. O beijei, e comecei a imaginar como se estivéssemos em uma bela montanha. Eu, ele e o vento que soprava em nossas cabelos a mais suave das emoções: A paixão. 
Já era 24:00 e precisava partir.  Nunca gostei de marcar compromisso, e de determinar as coisas.  Disse que a naturalidade nos aproximaria novamente. 
- Boas energias, moço que me fez sentir borboletas no estômago .
Ele beijou minha testa, sorriu e disse:
-Boas energias, moça dos lábios vermelhos. 

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