quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Voltar pra casa.

As vezes bate uma vontade de voltar pra casa.  Uma vontade imensa de voltar pra casa. Lembro-me que ainda quando nova, gostava de brincar na minha casa. Ela ainda estava limpa e leve como as outras casas que encontrei.  Vi casas que eram maiores que a minha, vi casas que eram menores que a minha.  Vi casas que por fora estavam bem aparentadas e o intimo totalmente sujo. Eu gostava de cuidar da minha casinha, era o único lugar que me sentia bem. Eu tinha amigos que me faziam visitas, alguns deixavam marcas, outros nem tanto. A minha casa era muito grande, havia corredores largos e embora tivesse alguns quartos vazios e escuros, ainda havia quartos totalmente alegres e cheios de poesia.  Eu tinha um amigo que me fazia visitas todas as noites. Ele me contava suas historias, do quanto viajou pelo mundo e de quantas pessoas espiritualizadas ele pôde encontrar. Sempre disse que eu não deveria sair de casa. Vez ou outra, ele me pedia que tomasse cuidado quando eu precisasse caminhar pela cidade. A multidão era perigosa.  O cotidiano, o sofrimento e a guerra me fizeram morar na rua. Eu tive medo que me encontrassem e quebrassem  a minha casa.  A minha casa possuía uma extensa simplicidade, daquelas que não se encontra em qualquer esquina. Eu conseguia fazer as pessoas se sentirem bem.  Mamãe dizia que casinhas assim, com tanta harmonia, não se encontrava em qualquer esquina. Era uma casa especial. No processo da sua construção, o fizeram com muito amor e sabedoria. Eu sinto saudades de quando no fundo da casa, havia bibliotecas que possuía muitos livros de literatura brasileira. Como era bom sentar e passar a tarde lendo sobre os grandes poetas.
Minha casinha é meu coração, que embora abalado pelas circunstancias da existência, não desiste da possibilidade de curar suas marcas e voltar a naturalidade feliz. 
Minha casa é a minha alma .

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