sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Natureza do amor.


Descubro que a realidade do amor é ser doador. Fazer do outro manifestação de um próprio desenvolvimento intelectual. Compreender e aproximar da realidade do ser amado. Não fazer do outro uma propriedade, e sim uma naturalidade de prazeres puros. O amor por natureza é compreensão. Compreender que o outro possui uma realidade independente. Compreender que no amor exige respeito, respeito esse que envolve saber o limite do espaço que pertence ao outro. Amar é fazer com que o outro se torne inteiro, mesmo que cheio de espaços vagos para serem preenchidos. O amor é não ter medo de não ser amado. Duas almas que se amam se reconhecem.
 A natureza do amor de ante mão é saber compartilhar corpo, alma, sofrimento e desenvolvimento. O amor é o reconhecimento de que duas realidades para se tornarem uma unidade, basta transforma-las em manifestações virtuosas.

60 minutos.


Ela chega em duas horas e ainda não consegui organizar a bagunça do meu apartamento e muito menos controlar a minha angustia ou ansiedade por vê-la e tê-la em meus braços. Ela chega em duas horas e meu quarto ainda tem rastros da ultima vez que ela esteve por aqui. É incrível como não consigo mudar as coisas quando não convêm.  A moça do abraço forte e do sorriso suave irá chegar e ainda não concertei a porta do meu quarto e muito menos organizei os meus discos.  Parece bobagem, mas estou fazendo um café e comprei pães fresquinhos para acompanha-la durante a noite. Parece até exagero, mas fiz questão de comprar o disco da Legião Urbana que ela tanto gosta, só para impressionar.  Mal sabe ela que tudo isso não passa de uma vontade certeira de conquistar teu coração e pega-lo pra mim, da forma mais pura possível.  Ela chega em menos de duas horas, e ainda não coloquei minha meia 3/4 e meu sapato estilo vovó.  Eu sei do quanto ela gosta do meu batom vermelho, e fiz questão de exagerar, só dessa vez, vai que ela não percebe que as coisas andaram mudando por aqui. Me sinto mais leve na sua presença, e adoro quando posso tocar em seus cabelos, na sua pele branca, segurar na tua cintura e arrasta-la pra perto de mim. É nessa hora que ela desvia o olhar, sorri e decide se irá se entregar aos meus encantos, ou continuará fingindo que entre nós não há nada. Ela chegará em trinta minutos e a única coisa que fiz foi perfumar o apê com aquele incenso que sua mãe me mandou de presente no verão passado, e passar um café. 
Isso tudo porquê a menina dos olhos azuis irá chegar.  A moça dos lábios vermelhos e dos olhos azuis. 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O moço que me fez sentir borboletas no estômago.


Sinto novamente borboletas no estômago. Só que agora é por saudade daquele moço que veio de longe me encontrar.  Borboletas que me pedem para telefonar e mandar a fotografia que tiramos naquela serra que passamos a madrugada ouvindo Neil Young e sorrindo. Ele me fazia sentir mais livre, leve e solta. Pela primeira vez eu pude ser eu mesma. Pude gritar todos meus medos, inclusive o da morte. Pude cantar, mesmo tendo essa voz horrível e desafinada. Pude olhar nos seus olhos e dizer que o achava muito charmoso enquanto andava com aquele bermudão de dormir, pelos arredores de seu apartamento. Pude deitar na sua cama e dizer que o colchão é péssimo, que preferia dormir na sala. Pude ajuda-lo lavar o apê e terminar com todos os dois molhados, deitados no chão da cozinha. Eu pude ser e não ser, o que gostaria de ser. Eu pude ser natural. Pude beija-lo, andar de mãos dadas, ouvir Tulipa alto, e fazer amor na cachoeira, sem precisar dizer que o amo, ou dizer palavras que confortam qualquer encontro afetivo.  Sabíamos que não havia nada mais que uma simples necessidade de preenchimento. Sem compromisso, sem muitas delongas, sem pressa para o retorno.  Pude tocar piano, sem precisar ficar com postura ereta, fingindo ser a pianista ideal que não sou.  Pude cozinhar aquele miojo mau feito, e pude ouvir com toda sinceridade: “Puta merda, tu não sabe cozinhar”, e enche-lo de beijos por tamanha autenticidade. Pude manda-lo ir pra merda, por me dizer que leio muito, e que sou muito viajada. Pude  te abraçar quando me senti sozinha, e pude sair correndo pros seus braços, da minha aula de piano. Simplesmente porquê fiquei com vontade de sentir teu cheiro/corpo colado ao meu.  Eu pude e fiz inúmeras coisas, sem precisar doar por completa, nesse encontro entre almas. Sinto profundamente uma falta imensa desse ser que se encontra por ai, em tamanho desencontro comigo.  

Me sinto tão neutra.


Me sinto vazia. Neutra. Distante.
Estar vazia por dentro é estar completamente em harmonia com a própria natureza. Não tenho vivido nenhuma paixão intensa e nem tenho morrido de amores por ninguém. O amor está em mim, presente em todas as minhas ações independente pra quem ele esteja direcionado.  Não tenho tido fortes emoções, e nem estado apática com tudo. Tem estado especialmente calma com todas as coisas que acontecem na minha vida. Nas amizades não tenho tido grandes afagos e nem fortes afastamentos. Tem sido algo casual e sem muitas exigências. 
Tenho estado um tanto quanto introspectiva, pensativa, e observadora.  No meu canto, meu espaço e minha vida.  Existem momentos que precisamos lidar mais abertamente com as coisas íntimas da nossa existência.  Abrir o jogo e esvaziar a bagagem de pesos muito fortes.
Percebo que quanto mais leve as coisas se tornam, menores são os temporais.
Os temporais passam a fazer parte da nossa natureza, e começamos a compreendê-los como forma útil de transcendência. 
Estar neutra é estar livre, leve e pronta para saltar do avião de braços abertos ! 

Borboletas no estômago.


Eu sabia que ele voltaria a qualquer momento.
Eu estava parada segurando um café na rua central, e quando dou-me por despercebida, ele estava me fitando de longe. Um óculos retro, uma blusa xadrez e uma bermuda jeans. O cabelo totalmente bagunçado e o sorriso extravagante. O meu coração estava partido das relações afetivas passadas, e a única coisa que eu poderia fazer era dar tchau, e sair andando. Sentia que não estava pronta para novas proximidades.  Ele veio caminhando pro meu lado, e disse quase que sussurrando: “Eu li aquele seu texto no jornal, e me apaixonei pela escrita”. Quando essas palavras entraram de prontidão na minha alma, eu percebi que mesmo depois de tempos, alguém estava me olhando, observando, mesmo que distante. Eu sorri, e disse: “Por quê não me procurou antes? Já faz alguns meses que publiquei.” Ele mais que depressa: “Você namorava, oras.”  Ele ficou envergonhado e começou a ficar olhando para os lados, como se estivesse procurando alguma coisa.  Fomos caminhando pela cidade, que estava em comemoração pelo natal. Eu disse que não gostava muito do Natal, e ele disse que compreendia. Ôhh céus ! A cada vez que ele falava que me compreendia, me dava uma vontade imensa de abraça-lo e perguntar por onde ele andou esse tempo todo. Ele era mais velho, uns 24 ou 25 anos, cursava sociologia, e sabia falar de todos os assuntos que me interessavam, por vezes até fiquei sem graça pela grandiosidade do seu conhecimento.
Ele era belo, e eu sabia que eu precisava dele na minha vida, mesmo que conhecendo-o em duas ou três horas de caminhada juntos.  Ele tinha uma mania de mexer nos seus cabelos castanhos e sorrir de lado, mania essa que me deixava toda angustiada e sem saber o que fazer. Seus cabelos eram grandes, e faltavam cores nas suas peles. Ele era branco como a neve, e quando falava de amor, sua bochecha fica rosa, e era nesse momento que eu sentia uma vontade imensa de beija-lo.  Ele até brincou que eu sabia bem discursar sobre o amor, e eu respondi com uma voz bem aguda: “É que eu vivi o amor nesses últimos meses.”  Ele olhou com aquele olhar de mistério e me perguntou: “O que é viver o amor nesses últimos meses?” Eu não sabia bem o que responder, e pouco compreendi o que quis dizer nessa frase, mas tentei argumentar dizendo que havia amado uma pessoa nesses últimos meses, e que fora um fracasso,  a não ser pelo que aprendi  através da convivência. 
Entramos num barzinho hippie e ele me perguntou se eu gostaria de beber alguma coisa. Eu nunca fui muito fã de bebidas alcoólicas mas acabei aceitando tomar um vinho. Já era 23:00 e fazia tempos que caminhávamos pela cidade. Conversamos, e  por vezes esbarramos as nossas mãos. Por fim, ele segurou na minha mão, olhou nos meus olhos e disse: “Adoraria te beijar”.
Na mesma hora o meu lado Angélica racional de ser, me disse que era loucura beija-lo no primeiro encontro, e ao mesmo tempo o meu corpo impulsionava para perto dele. O beijei, e comecei a imaginar como se estivéssemos em uma bela montanha. Eu, ele e o vento que soprava em nossas cabelos a mais suave das emoções: A paixão. 
Já era 24:00 e precisava partir.  Nunca gostei de marcar compromisso, e de determinar as coisas.  Disse que a naturalidade nos aproximaria novamente. 
- Boas energias, moço que me fez sentir borboletas no estômago .
Ele beijou minha testa, sorriu e disse:
-Boas energias, moça dos lábios vermelhos. 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

E ai liberdade?


Descobri que minha liberdade e meu excesso de rebeldia (como dizem), incomodam as pessoas. As pessoas estão presas no limite criado pela sociedade, e numa ideia fajuta de liberdade, e por fim  se sentem desconfortáveis quando outras pessoas resolvem não seguir esse padrão. Sou dessas que não segue padrão algum, e assim eu fiz, tentei ser livre no amor, e o outro não compreendeu minha liberdade, minha transparência e o meu não-se-preocupar-tanto.  Enquanto amava, tentei demonstrar um afeto que não era coberto por exageros e por superficialidades.  Enquanto amava tentei não ser tão exigente, pois isso iria contra todas as minhas ideias sobre um relacionamento estável. Tentei não tornar o outro um objeto de necessidade, e fui compreendida como misteriosa ou então não tão afetuosa. Quando na verdade o que eu queria era ser a pessoa mais ideal. Ideal no sentido de que não me permitira invadir o espaço que pertence ao outro.  Esse não ultrapassar o limite do outro, se tornou um estado de estar constantemente  distante/ afastada.  Tentei ser livre nas minhas amizades, e fui compreendida como mesquinha por não estar tão por dentro dos padrões sociais. Das festas, dos bares, e das conversas.
Ser livre tem um preço muito grande, e um dos preços maiores da liberdade é  achar que a liberdade distancia o outro, ou até mesmo afasta a fidelidade dos relacionamentos afetivos. Ser fiel não é estar disponível para o outro a todo o momento, ou até mesmo ter relações com outras pessoas. Ser fiel é ser sincero.  A sinceridade é o maior exemplo de fidelidade pra mim.  Outros interesses podem surgir enquanto duas pessoas se relacionam, a fase do olhar para fora da relação é extremamente importante.  A liberdade está encaixada exatamente nesse ponto.  Liberdade é ser fiel com o outro, e acima de tudo, é ser fiel consigo mesmo.  Liberdade não é dividir um espaço entre duas pessoas, pelo contrário, é saber que embora haja uma cumplicidade, o outro precisa de  tempo/espaço para relacionar consigo mesmo.
Liberdade não é de tal forma, deixar o outro de lado para viver de acordo com os ideais. Liberdade é saber separar as ideias e juntar o que da pra juntar. 
O problema do desequilibro em relações assim, é quando o outro não consegue compreender as ideias do parceiro.  É quando ambos, embora sustentados pelo mesmo teto, não enxergam a parede do lado esquerdo da cama (que fizeram sexo na noite passada) na cor azul.  Para o outro ela é branca e ponto.  Nós, pessoas que lidamos abertamente com a liberdade do outro e com a própria liberdade estamos sujeitas a perder amores e amizades por uma simples ideia egoísta, de que somos seres individuais. 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

E quem é que não precisa de um amor?


Não sei, mas hoje eu sinto falta das palavras que nos foram ditas. Sinto falta do conhecimento e do amor que existia por trás da convivência e do estar junto. 
Todo mundo precisa de alguém. Não de qualquer pessoa, mas de alguém que o compreenda e que esteja pronto para colocar um bilhete de amor na cabeceira da cama, explicando que a noite foi ótima, mas que precisou ir embora.  Todo mundo precisa de alguém que estenda a mão, sorria e delicadamente diga: “Eu estou com você”.   Todo mundo precisa do café quente, naquela noite "frienta". Mas não é qualquer café que serve, tem que ser café que apenas ele (a) sabe fazer.  
Todo mundo precisa sentar, olhar nos olhos e declarar o amor que sente, mesmo que conturbado pelas adversidades da existência.  A verdade é que todo mundo precisa se sentir amado e desejado, mesmo que esse desejo não seja tão intenso quanto aquele  vivenciado no verão passado. As vezes eu me pergunto porquê precisamos tanto, mas a verdade é que a singularidade não está relacionado ao emocional.  Sabemos bem lidar com esse ou aquele problema racionalmente, mas quando a palavra é “sentir”, precisamos que a nossa vida esteja pluralizada e protegida por outro alguém.  Se te falta alguém, ele vai surgir, nada de desesperos ou de ficar aflito porque está sozinho (a).  Ele sempre vem, com o tempo limitado, mas vem.  Pouco importa a duração do relacionamento, desde que ele seja inteiro, isso basta.
  A verdade, é que todo mundo preciso de um amor.  De um amor que o complemente, e que o faça transbordar de felicidade simplesmente porquê o outro existe. 

Voltar pra casa.

As vezes bate uma vontade de voltar pra casa.  Uma vontade imensa de voltar pra casa. Lembro-me que ainda quando nova, gostava de brincar na minha casa. Ela ainda estava limpa e leve como as outras casas que encontrei.  Vi casas que eram maiores que a minha, vi casas que eram menores que a minha.  Vi casas que por fora estavam bem aparentadas e o intimo totalmente sujo. Eu gostava de cuidar da minha casinha, era o único lugar que me sentia bem. Eu tinha amigos que me faziam visitas, alguns deixavam marcas, outros nem tanto. A minha casa era muito grande, havia corredores largos e embora tivesse alguns quartos vazios e escuros, ainda havia quartos totalmente alegres e cheios de poesia.  Eu tinha um amigo que me fazia visitas todas as noites. Ele me contava suas historias, do quanto viajou pelo mundo e de quantas pessoas espiritualizadas ele pôde encontrar. Sempre disse que eu não deveria sair de casa. Vez ou outra, ele me pedia que tomasse cuidado quando eu precisasse caminhar pela cidade. A multidão era perigosa.  O cotidiano, o sofrimento e a guerra me fizeram morar na rua. Eu tive medo que me encontrassem e quebrassem  a minha casa.  A minha casa possuía uma extensa simplicidade, daquelas que não se encontra em qualquer esquina. Eu conseguia fazer as pessoas se sentirem bem.  Mamãe dizia que casinhas assim, com tanta harmonia, não se encontrava em qualquer esquina. Era uma casa especial. No processo da sua construção, o fizeram com muito amor e sabedoria. Eu sinto saudades de quando no fundo da casa, havia bibliotecas que possuía muitos livros de literatura brasileira. Como era bom sentar e passar a tarde lendo sobre os grandes poetas.
Minha casinha é meu coração, que embora abalado pelas circunstancias da existência, não desiste da possibilidade de curar suas marcas e voltar a naturalidade feliz. 
Minha casa é a minha alma .

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Espaço.


Em toda relação afetiva é preciso que além de compreensão, saibamos limitar o nosso espaço para com o outro. O outro não tem o direito de invadir o nosso espaço, ou até mesmo, coordena-lo.  Que seja namorar ou ficar, todo mundo precisa preservar sua individualidade. A individualidade é necessária para que antes de tudo, saibamos nos compreender e direcionar nossas vontades.  A verdade é que ninguém pode sentir, ou compreender nossa situação interna, por nós.  Somos os únicos responsáveis pelas nossas escolhas. 

domingo, 16 de dezembro de 2012

Por que diabos somos tão sensíveis?



Estamos cotidianamente levando inúmeras ações para o lado pessoal e sofrendo com isso. Seja o bom dia mal respondido, o café mau passado, ou aquele amigo que saiu com outros amigos e não nos  convidou.  Ou talvez, o namorado que resolveu ligar e falar boa noite, coisa rápida, sem ao menos perguntar como foi seu dia. Eu sou estranhamente sensível com esse tipo de ação e acabo sofrendo por antecipação. Sofro e fico magoada, daí acabo perdendo a graça com tal pessoa e passo a enxerga-la como apenas mais uma. Tá exagerei um pouco.
Mas bom, hoje enquanto estava tomando meu café e fumando um cigarro, fiquei pensando em quantas vezes me senti extremamente magoada por isso ou por aquilo, e sofri e chorei, e sofri novamente. Assim somos nós, incapazes de lidar com as características do outro, embora seja essa uma ação fundamental para a convivência. 

Pro meu amor.

Eu só queria dizer que sinto falta do seu abraço, do seu colo,  e do seu amor.
Sinto falta também da sua mania de organizar tudo, e de querer estar constantemente controlando as coisas. Lembro-me de quantas vezes eu quis que você sentisse a ausência de equilíbrio, ou então se tornar um pouco menos responsável por tudo aquilo que está a sua volta.  Acho mesmo é que você nunca percebeu que eu queria isso de você.
Você sempre disse que eu te mostrei a liberdade, e tenho a sensação de que embora bem conceituada, nunca mostrei a você a experiência de sentir-se livre.
Nadar pelado, sair desarrumado, dormir no chão, ou até mesmo fazer amor ao ar livre. Ás vezes me pego pensando porquê você sempre restringiu as coisas.  Talvez fosse isso que atrapalhava o nosso relacionamento.  Tínhamos amor, mas não tínhamos a “chave mestra” para dominar nosso relacionamento. Não que não déssemos certo, até dávamos, mas faltavam afagos.  Não afagos físicos, pois isso é o que mais tivemos.  Faltaram afagos na alma, afagos na qual eu pudesse me aproximar do seu íntimo e admira-lo. Até admirei a sua personalidade, mas sempre tive a sensação de que faltava algo. Já fizemos inúmeras coisas juntos, lembra? As vezes que visitei seu apartamento, e me aproximei da tua família. Das vezes que te contei meus segredos, e você sorriu assustado.  Lembro-me da primeira vez que fizemos amor, ouvindo Rita Lee.  Aqueles versinhos que me impulsionava ao teu corpo: “Desculpe o auê, eu não queria magoar você.”  Nunca nos faltou desejos físicos e nem mesmo desejos de presença, mas de certo, faltavam proximidades intelectuais. Você sempre tão inteligente e charmoso, que me assustava as vezes. E eu, como é mesmo que você dizia? “Tão rebelde.”.
Talvez a minha rebeldia o tivesse incomodado, ou talvez eu fosse um reflexo daquilo que você desejasse ser e não foi capaz, e assim vice e versa. Mas confesso, nunca desejei ser tão organiza e tão certa com as coisas. Sou a favor de um pouco de desiquilíbrio, e desordem.
O meu café termina aqui.  Sinto sua falta, meu amor ! 

Isto é.


Todo ser humano necessita silenciar e compreender as coisas mais íntimas e particulares da própria existência. Somos tão diferentes, e ao mesmo tempo tão iguais.  Cotidianamente vejo que falamos a mesma coisa, de modo diferente. A única diferença é a nossa forma própria de florear as coisas. Cada ser humano tem seu modo, influenciado pelo período vivencial, de enxergar a realidade.  

sábado, 15 de dezembro de 2012

Insight !


Se quebrar o silencio significa desistir do amor, assim o faço. Minha alma não compreende a necessidade do distanciamento, e por fim, a necessidade de mesmo transbordando de amor, limitar o desejo físico.  No íntimo, talvez pelas condições que outrora mantinham a minha espera intacta, o desejo foi se esvaindo com o tempo e com ausência. Não falo de uma ausência carnal, ou até mesmo de ausência de afago, digo da ausência vivencial, do estar sempre caminhando lado a lado, compreendendo, respeitando e aceitando as mais diversas condições particulares de cada um.  Talvez a vida ainda não tenha dito que relacionamentos exigem o ato de doar a alma/corpo/coração, por essa razão as pessoas preferem  a individualidade. Contar e compartilhar os defeitos e as entranhas seria ferir as intimidades do próprio ego. E quem é que está preparado para fazer com que o ego, se desmanche através do aceitamento daquilo que se é?! Ontem, por ventura, resolvi limpar o meu jardim interno. Resolvi colocar a mesa, cara a cara, os meus piores defeitos: o individualismo, o pessimismo, e o egoísmo. Resolvi  assumir e sentir profundamente a causa e efeito que os mesmos me causam.  Depois, resolvi passar um pano, bem leve, naquelas poeiras que foram juntadas pela falta de mobilidade. Descobri que me faltavam carinhos, doçuras, e poesias. Fechei os olhos e disse mentalmente: “Amanhã, tudo estará renovado. Não mais precisarei do que me é externo como preenchimento” . Logo pude conhecer a verdadeira calma do ser que vive espiritualmente. Resolvi quebrar o nosso silencio, antes que a vida faça isso. Resolvi que era chegada a hora de abandonar a situação presente; do pensar demais e do esperar demais. Meu alvo se tornou as  realizações mais próximas dos meus olhares, o que me é certeiro. No meu jardim interno havia caixas e nelas pude encontrar magoas e rancores.    Fechei os olhos e comecei a meditar, e concentrar na minha respiração, ora rápida, ora devagar, pouco a pouco  essas dores foram sumindo. Conheci a felicidade contemplativa. Uma paz, leveza, ou qualquer que seja o nome. Se esse silencio gritante significa abandonar o cargo de espera, assim o faço. Não posso e não devo continuar sentada no meu mais profundo estado espiritual, esperando que as coisas se transformem. As coisas só vão se transformar quando eu mesma querer conhecer a verdadeira causa do meu próprio mundo, e assim, eleva-lo.  

Culpado tempo.

Com o tempo você percebe que algumas coisas vão perdendo o valor. As pessoas que até então eram atraentes, perdem o encanto e se tornam comuns. Aquele amor que foi guardado por tempos, e motivado pelas lembranças, de repente resolve ser filtrado e não mais manifestar. Aquela pessoa, ou aquele escritor, que era causa da sua admiração, de repente vira apenas mais um que sabe coordenar bem as palavra
s. De repente, você passa a observar mais tudo aquilo que te acompanha no caminho até em casa, e começa a perceber o valor das pequenas coisas, e por fim, resolve se preocupar menos com as adversidades. Chega um dia que aquela música bonita, e aquele sapato que foi herdado da tua avó passa a não ter a mesma importância, e você começa a perceber que tudo está mudando, e o problema não é nada daquilo que compunha a sua existência, a não ser você mesmo ! (Angélica Mendonça)

Relações afetivas, por quê?


O ser humano é capaz de lidar com todas as coisas da existência, exceto com a morte. A morte está ligada ao fim eterno da matéria, logo que somos matéria. O ser humano não está apto para compreender a finalização de todas as coisas que foram e são parte da existência. Culpam o tempo, e por vezes preferem acreditar em algo que transcenda essa realidade, daí está o erro. Julgo esse conceito transcendente parte da sensibilidade do homem, sensibilidade na qual não é coordenada pela mente. Existem vários caminhos que nos afastam da ideia real da morte: A religião, o aprofundamento interno, e a imaginação. Enfrentar algo que não podemos controlar é o grande mistério do ser. (Angélica Mendonça)

Medo da morte?

É indispensável o fato de que ao compararmos a grandeza do mundo, com as coisas que nos preocupamos, somos tolos. O mundo é coberto por uma beleza que não se limita ao pensamento do homem. Se preocupar com a beleza é fundamental, mas fazer dela objeto de obsessão é desnecessário. Se preocupar com o que os outros pensam, é parte do nosso processo de aceitação em relação aos nossos círculos de amiza
des, mas fazer disso um propósito é moralmente desnecessário. Se preocupar com o futuro, é uma das melhores influências no presente, mas é necessário a exigência de que as vivências sejam elas feitas apenas pelo hoje. É necessário se preocupar menos. A tranquilidade da existência começa exatamente na tranquilidade para com nossas visões do mundo. (Angélica Mendonça)

Leitores:


Olá caro e novo leitor !
Seja bem vindo ao meu blog, e vou logo dizendo que sou experiente em escrever besteiras e florear as coisas. Resolvi fazer o blog com o intuído de compartilhar minhas ideias, sentimentos, e psicoses. Não que eu seja louca, mas tenho amontoado de manias não compreendidas pelos meus colegas de classe, amigos, e até mesmo “ex-namorados”.  Não sei se alguém irá me ler, pouco importa. Vou logo dizendo que sou filosofa amante por literatura, e Schopenhauer. Não sou chata, mas sou bastante exigente.  E por fim, pouco sei como fazer apresentações e sempre me atrapalho exagerando nessa ou naquela qualidade.