Sinto novamente borboletas no estômago. Só que agora é por
saudade daquele moço que veio de longe me encontrar. Borboletas que me pedem para telefonar e
mandar a fotografia que tiramos naquela serra que passamos a madrugada ouvindo
Neil Young e sorrindo. Ele me fazia sentir mais livre, leve e solta. Pela primeira
vez eu pude ser eu mesma. Pude gritar todos meus medos, inclusive o da morte.
Pude cantar, mesmo tendo essa voz horrível e desafinada. Pude olhar nos seus
olhos e dizer que o achava muito charmoso enquanto andava com aquele bermudão
de dormir, pelos arredores de seu apartamento. Pude deitar na sua cama e dizer
que o colchão é péssimo, que preferia dormir na sala. Pude ajuda-lo lavar o apê
e terminar com todos os dois molhados, deitados no chão da cozinha. Eu pude ser
e não ser, o que gostaria de ser. Eu pude ser natural. Pude beija-lo, andar de
mãos dadas, ouvir Tulipa alto, e fazer amor na cachoeira, sem precisar dizer
que o amo, ou dizer palavras que confortam qualquer encontro afetivo. Sabíamos que não havia nada mais que uma
simples necessidade de preenchimento. Sem compromisso, sem muitas delongas, sem
pressa para o retorno. Pude tocar piano,
sem precisar ficar com postura ereta, fingindo ser a pianista ideal que não
sou. Pude cozinhar aquele miojo mau
feito, e pude ouvir com toda sinceridade: “Puta merda, tu não sabe cozinhar”, e
enche-lo de beijos por tamanha autenticidade. Pude manda-lo ir pra merda, por
me dizer que leio muito, e que sou muito viajada. Pude te abraçar quando me senti sozinha, e pude
sair correndo pros seus braços, da minha aula de piano. Simplesmente porquê fiquei com vontade de sentir teu cheiro/corpo colado ao meu. Eu pude e fiz inúmeras coisas, sem precisar
doar por completa, nesse encontro entre almas. Sinto profundamente uma falta
imensa desse ser que se encontra por ai, em tamanho desencontro comigo.
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