sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Des(encontro)

O bonito é descobrir que até o encontro do amor permanente somos distraídos e afastados por belas e falsas interpretações de um amor real. Acreditamos que amamos e aceitamos a condição, mesmo que no íntimo saibamos que não estamos completos e não tão pouco sentindo a sobriedade de um amor que transborda. Passamos por encontros e desencontros, e muitas vezes somos e fomos saciados pela superficialidade de algo que apenas "aparenta". Me pergunto até quando viveremos do que simplesmente "aparenta". Aparenta ser amor, aparenta ser amizade, aparenta dar certo, aparenta respeito, aparenta carinho. Assim não vale! Quando aparenta é porque simplesmente aparenta e não é. Nesses desencontros cotidianos que tive ao longo da minha vida, pude perceber que neles estava a simples espera da chegada do amor que permanece. E descobri que esperar a chegada é um dos sabores mais interessantes. É saber que o outro existe, e que embora ele ande em tamanho desencontro com a gente, tem sentido a mesma espera e aceitado de tal forma o momento da descoberta um do outro. Até o momento do encontro e do reconhecimento. Portanto, que não tenhamos pressa pra viver o real e nem tão pouco para viver o que não aparenta. Vamos viver o que realmente é! Aparentar é fácil, pois é nada mais que uma mistura de vontades individuais com realizações externas. Difícil mesmo é saber que o real não surge primeiramente de um desejo nosso. O que é real nos é apresentado, logo de cara! Que possamos permitir dia a dia a vivência da espera da chegada e também a vivência do simples; desencontro. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Nós!



Peço que antes de fazer a leitura deste texto, ouça a música: 1901 - Birdy! 

Cá estou eu na tentativa de escrever sobre você, como se fosse fácil escrever sobre algo que pouco entendo e que tanto cativo.  Esse algo transformado em amor.  A verdade é que as palavras sempre se perdem quando sinto vontade de falar sobre nós.  Daí eu tento mas não sai nada, e eu tento de novo e de novo e de novo.  Arrisco um poema, mas não é disso que eu falo. Tento uma música, mas as cifras nunca completam meu contexto. E tento a crônica, bom, minha amiga crônica tem me ajudado nisso e lá vamos nós.
Nessa noite que passou resolvi pensar em você, e nesse intervalo entre pensar e fumar,  eu senti algo muito grandioso na minha alma; não era um insight e nem tão pouco uma vontade imensa de sussurrar em teus ouvidos meu amor por ti. Era apenas uma evolução espiritual tomando conta da minha necessidade de transcendência.  Veio-me em mente o momento que fizemos amor na noite anterior. Momento esse que senti mais forte que das outras vezes, que o seu eu estava se tornando nosso.  Veio-me em mente o momento que a existência resolveu traçar nossos caminhos e lembrei-me da primeira vez que nos encontramos. Ficamos sentados por algumas horas no parque, fumando e reclamando da nossa bagagem existencial; ora pesada, ora leve!  Você articulava muito bem e isso me impressionava.  O seu jeito “revoltado” me encantou .  Lembrei-me também da primeira vez que dissemos eu te amo.  Não sabíamos se era amor e muito menos se era paixão, mas sabíamos que havia em nós uma vontade grandiosa de nos amarmos. E assim fizemos.  As horas estavam passando e essa coisa transcendente que não sei o nome e nem de onde vêm, começou a movimentar minha mente de forma inquieta. Não era necessário definição alguma. Eu sabia que era a nossa liberdade fazendo com que eu ficasse ainda mais ausente dos conflitos e mais presente na paz.  Você me transmite paz e afeto.  Lembro-me de quando estávamos deitados e que você olhou em meus olhos e uma lagrima escorreu.  Eu não sabia se correspondia ao feito, ou se te abraçava forte e te protegia do mundo.  Seus olhos verdes brilhavam com mais intensidade e seus lábios vagarosamente iam perdendo a cor. Você olhava pra baixo como se quisesse esconder algo, e eu insistia pra que correspondesse meu olhar.  Era uma sensação forte ao mesmo tempo que era linda e fantástica.  Foi exatamente nesse momento que soube que além de amor, havia em nós uma vontade imensa de cuidar um do outro. Vontade essa que nos fez de tal forma, ainda mais próximos e mais distantes de toda aquela coisa pesada que a existência traz quando relacionamos com ela.  Seria estranho demais se eu dissesse que preciso mais de nós do que de mim, mas o fato é que a cada vez que me aproximo de nós sinto-me ainda mais próxima de mim. Do meu eu e do meu estado de contemplação espiritual. Por fim, digo insistentemente que o amor tem esse problema, quando se ama muito, a poesia transcende as palavras e começa a ficar não-verbal demais.  As palavras se tornam algo mais vivencial e as escritas deixam de fazer sentido. Agora compreendo porque quando o assunto é você, as palavras quase que se movimentam independente da minha posição. É o amor. É você. Somos nós!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sexo ou amor. Amor ou sexo.


Quero te fazer uma surpresa essa noite. Qual é? É surpresa, garoto.  Tu sabe que não gosto de surpresas. É sexo? Não. É amor!  Amor? Sim. Amor. Aquele sexo com fantasias eróticas e paixão, mas ao mesmo tempo,  cheio de cuidado, carinho e afeto. Te espero aqui as dez horas. Dez horas? Sim. Dez horas não da, vou estar lendo. Deixa esse livro de lado, vai valer a pena. Tchau.
Desliguei o telefone e comecei a me achar pirada. Que loucura é essa dizer que queria fazer amor com ele?  O nosso relacionamento era sexo, sexo e sexo.  Não tinha amor, não tinha telefonemas nas madrugas, não tinha eu te amo e nem todas essas coisas românticas que os casais fazem.  Só tinha tesão.  Na verdade, não éramos um casal.  Éramos amantes. Eu tinha certeza que eu era amante mesmo ele dizendo que não tinha mais ninguém afetivamente.  Meu apartamento estava como minha vida; na desordem.  Não sabia onde iriamos fazer amor. Era uma surpresa, não podíamos mais usar a minha cama. Olhei pro banheiro, o banheiro olhou pra mim. Era melhor não. Fazer sexo no banheiro, não era fazer amor. Era simplesmente fazer sexo.  
Liguei para uma amiga e disse que queria fazer amor com ele. Ela riu do outro lado da linha e perguntou se eu estava bêbada.  Eu disse que estava sentindo umas coisas meio estranhas nesses nossos últimos dias. Uma puta saudade dele e não era carência. E nem saudade de ver seu corpo sem roupa.  Ela disse para experimentar a sala. Colocar aquela toalha que eu uso para fazer meditação e colocar umas velas em torno dessa toalha. Um incenso, vinhos e cigarros. Desliguei o telefone e comecei a planejar.  Eram nove horas e meu estômago começou a transmitir umas sensações estranhas para meu cérebro. Era a primeira vez que dizia querer fazer amor com alguém.  Sempre tive medo de amar e ser amada. Essa coisa de amar e ter compromisso e ter romantismo e ter carência e fazer amor, nunca foi pra mim. Sempre gostei de coisas mais livres e minha vida estava fluindo bem assim.  Até no nosso ultimo encontro. Subimos uma cerra e ficamos vendo a cidade. Conversando sobre planos futuros e sobre vontades íntimas. Ele me disse que queria ser amado, e eu acabei dizendo que amar é besteira. Fazer sexo era melhor.  Fomos cada um pra sua casa e depois disso, me bateu aquela puta vontade de viver um amor desses de cinema, sem cair no padrão social.  Esses amores que duram três meses e que não perdem a intensidade.  
Organizei a sala. Coloquei minha melhor roupa mesmo sabendo que não a usaria por muito tempo. Perfumei o apartamento. Coloquei o incenso. Fumei um cigarro e liguei minha vitrola com o disco do Neil Young.  Eram 21:45 e meu coração estava apertado.  Queria ver aquele corpo moldado pela natureza e beija-lo por completo. Queria olhar nos olhos e deitar sobre seu peito. E amar, amar, amar e fazer sexo.  Eu queria sentir teu corpo no meu, e sentir o calor da alma através do amor.
A campainha toca.  Dou uma ultima olhada para a sala e tudo pronto. A surpresa estava ali.  Abri  a porta e lá estava ele.  De chapéu-coco, calça preta e uma blusa branca e um  suspensório, com flores vermelhas sobre as mãos.  Ele sabia que eu sentia muito tesão por seu suspensório.
- Boa Noite.
-Boa Noite!
-Então... Qual é a surpresa?
Eu tinha mania de sempre brincar com sua seriedade e fui logo dizendo:  A surpresa sou eu. Não gostou?
- Amei!
Entramos, coloquei as flores no vaso com água em cima da mesa que certamente tomaríamos café durante a manhã. E foi ali que tudo começou. Ele tinha mania de me pedir que sentasse em teu colo e assim o fiz.  Ele passou a mão sobre meus cabelos escorregando-a pela minha barriga. Na barriga apertou forte. Olhei de lado e ele beijou minha bochecha e sorriu. Por ali ficamos, em silencio.
-Qual é? Não gostou da surpresa? Quero fazer amor ou sexo, tanto faz. Eu quero você. Seu corpo. Em mim.
Silencio.
- A verdade é que eu gostei tanto e tanto e tanto que perdi o tesão de fazer sexo e fiquei com uma puta vontade de aproveitar essa noite para observar a beleza da tua alma e não do teu corpo.
E assim, bom, não preciso nem dizer, começamos a amar o amor e não o sexo! 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Desconhecido.


Já é tarde, eu pensei. São quase duas e a única coisa que faço é ouvir a mesma musica repetidamente.  Leio alguns textos, escrevo algumas coisas e ainda assim me sinto cheia. Sinto que tem algo aqui dentro, algo forte, daqueles que faz o coração bater mais forte, e que precisa ser dito ou cuspido como letrinhas de poesia. Daí eu tento, mas não sai. Eu tento de novo, mas não sai.  Dai eu começo a respirar e a meditar, mas continua aqui.  E eu respiro, e expiro, e a dor continua em mim. Eu troco de musica, mas não é culpa da música.  Leio alguns textos e recito alguns mantras, mas essa coisa louca que não sei o nome e nem sei de onde vêm, continua aqui dentro.  Eu resolvo partir para agressão e acendo um cigarro. A tragada impulsiona a dor até a boca do estômago, mas não consigo vomita-la.  Fumo um, dois, três cigarros. Mas nada.  A dor continua aqui. Olho para dentro na tentativa do recolhimento, mas parece que essa é dor é tão íntima de mim que não sei o que é e nem onde fica. Tento desdobrar a minha alma e começo a tentar compreender minha mente, mas nada.  Não encontro de onde vêm essa dor. Essa coisa que precisa ser cuspida e que fica entre o estômago e o coração. De repente me silencio.  O silencio é forte, e sinto que algo está saindo lentamente pela minha boca, nariz, ouvido e coração. Essa coisa que não sei o nome e nem de onde vêm é nada mais que a saudade do desconhecido. 

Buraco!


Me perdoe pelos meus mil anos à frente dos nossos segundos e pela saudade melancólica que eu senti o tempo todo mesmo sendo nossos primeiros momentos. Pelo retesamento na hora de entregar. Pela maneira como eu grito e culpo quem tiver perto por uma angustia que sempre foi e será só minha e que eu sempre suporto mas quando sinto amor fico achando que posso distribuí-la um pouco, mesmo sabendo que é fatal.
Me desculpe por eu ter querido tanto ficar bonita e perfeita e só ter conseguido olheiras e ossos. Me perdoe pelas vezes que de tanto querer leveza acabei pesando a mão. De tanto querer sentir, pensei sobre como estava sentindo, e perdi o sentimento. Ou senti sem pensar e isso pra mim é como meus medos das drogas e então precisei roubar a chave do carro do seu bolso pra me proteger de não olhar mais uma vez você e nunca mais voltar pra casa. Minha maior dor é não saber fazer a única coisa que me interessa no mundo que é amar alguém. Me perdoa por eu querer de uma forma tão intensa tocar em você que te maltrato. Minha mão acostumada com um mundo de chatices e coisas feias fica tão gigante quando pode tocar algo lindo e puro como você, que sufoca, esmaga e estraçalha. Me perdoe pela loucura que é algo tão pequeno precisando de amor e ao mesmo tempo algo tão grande que expulsa o amor o tempo todo. Eu sou uma sanfona de esperança. Eu tenho estria na alma.
Enfim. Cansei de pedir desculpa por quem eu sou. Cansei de ouvir de todo mundo como é que se trabalha, se ama, se permanece, se constrói. Eu tentei com todas as forças amar você e agora sofro com todas as forças pelo buraco que ficou entre o sofá e a planta e o meu coração. Você vai embora e eu vou voltar para as minhas manhãs com o iogurte que eu odeio mas que é a única coisa que passa pela garganta quando o dia tem que começar. Vou voltar para aqueles e-mails chatos de pessoas que eu odeio mas que pagam esse apartamento sem você. E ficar me perguntando de novo para quem mesmo eu tenho que ser porque só tem graça ser para alguém. E que se foda o amor próprio.
Você me disse e me olhou de formas terríveis mas o que sobrou colado em cada parte do dia e de mim é a maneira como você sorri levantando que nem criança o lábio superior direito e como eu gosto de você por isso e por tudo e mesmo quando é ruim e sempre quando é incrível e ainda e muito e por um bom tempo.  Tati Bernardi

O homem mais bonito do mundo!


E não foi que numa dessas brincadeiras de ter e pertencer ao outro, eu acabei me pertencendo?

Tudo começou quando tudo finalizou com ele.  Quando vi que a relação não tinha mais a mesma pureza do primeiro encontro e que já não tinha mais graça ter aqueles encontros casuais, onde tentamos impressionar dessa ou daquela forma.  Resolvi pular correnteza a fora e preocupar mais comigo.  E foi nessa linha tênue do preocupar comigo e esquecer ele, que me surge o outro.  Aquele que não conheço suas intimidades, mas conheço da tua voz, imagino teu cheiro e sinto falta dos seus carinhos. 
Foi exatamente no momento que disse que não dava mais para continuar com aquele relacionamento  que resolvi sair a procura de alguma forma de não morrer de solidão.  Estava caminhando em direção as aulas de meditação quando de relance vejo que tem um cara do outro lado da rua, com cabeça baixa e uma blusa xadrez grande, com óculos iguais aos meus e um chapéu coco.  Logo pensei que era minha representação masculina e que eu estava ficando maluca. Esfreguei os olhos e olhei fixamente. Ele retribuiu. E olhei de novo.  Ele sorriu e atravessou na minha direção. Não havia nenhuma casa naquela rua a não ser a clinica de meditação.  Imaginei que seria uma puta loucura se ele também estivesse indo nessa clinica. Fui de cara perguntando: Não me diz que também é zen? Ele sorriu alto e disse que eu não estava maluca. Que era a primeira vez que iria nesse lugar, e ousou me perguntar se poderia orienta-lo.  Gaguejei ao responder, pois sua beleza era imensa.  Ele era o homem mais bonito do mundo.  Seus olhos eram castanhos e seus cabelos possuíam cachos perfeitamente moldados. Fora que possuía um lindo sorriso e uma forma modesta de falar sobre suas vontades. 
Sim. Ele era o homem mais bonito do mundo. Quando afirmei isso pra mim mesma, comecei a tentar encontrar algum defeito.  Fui logo pensando que ele deveria cheirar mal, mas quando me aproximei de seu corpo, vi que esse não era o defeito. Ele cheirava o sabor mais doce do mundo.  Cheguei a imaginar que o problema era que ele não sabia conversar, e fui logo falando sobre psicanalise de Freud.  Incrivelmente ele sabia tudo e um pouco mais. Resolvi partir para cima e perguntar se ele era gay. Ele sorriu e me perguntou se o teu jeito era de gay. Retribui o sorriso e disse que não, e que esse era o problema.  Não poderia conformar que ele era o homem mais bonito do mundo.  Ele falava baixo e passava a mão entre os cabelos quando falava sobre suas inseguranças. 
Ainda me intrigava o que havia de errado nele.  Porque diabos ele estaria conversando comigo.  Justo eu  que estava com uma baixa energia devido ao término, e que de certa forma estava perdida tentando encontrar algum recurso que me aproximasse de mim mesma.
Fomos a aula de meditação e ele fazia tudo tão bem e tão delicadamente, que não consegui meditar só por ficar olhando sua posição ereta e tão centrada.  Até tentei usar do argumento de que seus pés eram feios, mas não! Eram mais delicados que os meus. 
Após a meditação fomos caminhando para o parque da cidade. E sentamos no gramado e conversamos e trocamos sorrisos e experiências.  Eu sentia uma puta vontade de olhar no fundo dos seus olhos na tentativa de enxergar algum vazio. Mas não, seu olhar era profundo e sensual.   
Trocamos telefones e naquele mesmo parque nos despedimos.  Ele me abraçou forte e passou a mão nas minhas costas parando-a na minha cintura.  Beijou minha testa e disse que numa próxima oportunidade iriamos nos encontrar.  Eu sorri, olhei nos seus olhos e fui pra casa.
Confesso que fiquei ansiosa para receber alguma mensagem ou coisa do tipo. Até pensei que o problema dele deve ser que ele não liga para os sentimentos e que eu não seria uma exceção. Pensei ser besteira acreditar que ele mandaria alguma mensagem e fui dormir.  No outro dia, recebo uma mensagem logo de manhã: “Eu gostei da sua liberdade e da sua vontade de desprender das coisas.  Sabe de uma coisa? A sua felicidade está tão dentro de você, e te falta tanto se encontrar, que ela permanece distante.  Abraços.”  Sim. Ele era o homem mais bonito do mundo e esse era o problema; não mais o encontrei. 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Olhar para dentro!

Uma vez que olhei para dentro com olhares de compreensão, pude perceber o verdadeiro sentido das coisas que me aconteciam por dentro. Pude compreender que a raiva não passava de uma condenação da minha mente para as coisas que eu era incapaz de aceitar. Pude compreender que a insegurança era o meu medo e o meu acreditar que não sou capaz de lidar com todas as coisas que me acontece, coisas essas que me arranca um pouco mais de mim mesma. Pude compreender que a carência era a falta de me sentir amada, e falta essa que inconscientemente recriminei a mim mesma de suprir. Pude compreender que os momentos tristes foram exatamente aqueles que preferi buscar coisas externas como preenchimentos. Pude compreender que faltava um pouco mais de autenticidade em mim mesma. Faltava um pouco mais de atenção com meu eu. Percebi através da meditação e através da prática do amor, que o segredo era aceitar a natureza real das coisas. Como dizia Osho: Aceitar tal como é. Por fim, pude compreender que pela ausência dessas combinações, entre eu-com-eu, que deixei de lidar sobriamente com o mundo externo. Sorrisos largos e palavras doces, qualquer pessoa é capaz de fazer. Dizer que ama e fazer do outro um abrigo, qualquer carência é capaz de fazer. Dizer que está bem e sentir-se bem momentaneamente qualquer ser consegue, mas existe uma sútil diferença entre a temporalidade dessas coisas e o estado real. E concluí com o tempo e as experiências que o que eu precisava era que tudo fosse vivo e verdadeiro. No fundo eu só queria aceitar a natureza das coisas e compreendê-las tais como são! Aceitação no sentido mais puro! Sem condenações internas e sem isso de ter preconceito com meus sentimentos. O segredo pra mim é deixar que de fato, as coisas comecem a fluir naturalmente. 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Desprendimento.

Não gosto de nada forçado. Amizade forçada, namoro forçado, amor forçado, visita forçada, cumprimento forçado. Eu gosto de quando as coisas são naturais e tranquilas. Sem mediações e sem limitações! Gosto da ausência de exigência e da presença da naturalidade. Gosto do que é puro, e sinto que pra haver pureza é necessário que haja o distanciamento do "dever". Não existe isso de que devo amar, aceitar e respeitar as pessoas que tem certa proximidade com meu ser. O que existe mesmo é o fazer influenciado pela vontade. A cumplicidade não é um dever limitante em um relacionamento e sim uma vontade que surge através do envolvimento. Assim como a aceitação do que o outro é. Não existe regras e deveres perante a pureza de um relacionamento. O que existe é o fluir e o desabrochar dos valores que pertencem ao amor e a compaixão.
A verdade, é que no fundo, bem no fundo, eu gosto do que me parece sincero.

Para a Angélica!


Passei a mão na cabeça e pensei: “É agora.”
É agora o momento que preciso organizar as coisas e descobrir o que significa essa intuição que me deixa  cada dia mais profunda e menos externa.  Já tentei de todas as formas me encontrar.  Já fui santa, já fui “puritana” e já fui mulher.  Já fui à igreja católica, evangélica, e nas reuniões jeová.  Sem falar que ando frequentando o budismo, e mesmo assim falta alguma coisa.  Sinto que falta mais eu em mim.  Já fui homem e já fui mulher em uma relação. Já fui filha, já fui irmã, mãe, amiga, namorada, ficante e flerte. Já fui rebelde, hippie, mendiga, rockeira e punk.  Já disse eu te amo, e já gritei eu te odeio.  Já quis estar junto, e já quis estar longe.  Já sai sozinha, e na maioria das vezes acompanhada.  Já ouvi bossa nova, e gritei ouvindo rock.  Já curti reggae, e já gostei das ondas e vibrações rastafáris.  
As vezes me questiono o fato de que estar sozinha pra mim, na maioria das vezes, é uma sensação assustadora.  Parece que quando o assunto é lidar comigo mesma, as coisas mudam de forma e tudo parece um pouco assustador.  E ao mesmo tempo, sinto uma vontade imensa de dizer adeus pra aquele relacionamento cotidiano e ficar sozinha.  Não que eu precise me amar mais, ou algo do tipo, eu só preciso olhar no espelho e dizer: “Agora é só eu e você”.  Não que me falte afagos internos, mas eu sinto que por ventura, tem me faltado um pouco mais de Angélica.  A Angélica substancialmente transformada através da essência pura.  As vezes eu choro porquê sinto falta de alguém.  Sinto falta de alguém que me ouça e não me questione. Sinto falta de alguém que esteja comigo a todos os momentos. Que me abrace mentalmente quando a ausência for necessária.  Que diga que me ama independente de tudo. Alguém que me conheça e que me compreenda da melhor maneira possível. Eu sinto falta mesmo, não é de um namorado ou de um colo de mãe.  Nem mesmo de ter amigos e sair para fumar com eles no parque.  Eu sinto falta é da Angélica que existe em mim. Eu sinto falta de mim mesma.  Não, não é loucura!  Eu me amo muito! 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O outro precisa ser livre!

A verdade é que por mais duro que seja, e por mais bonito que é acreditar no amor individual, ninguém é posse de ninguém. Somos seres livres por natureza. Responsáveis pelos nossos atos, e além de tudo, seres consequentes. Ao relacionarmos com o outro nos tornamos parte complementar, e também é inegável o fato de que somos responsáveis pela liberdade do outro. Não devemos e não temos o direito de fazer com o que outro perca a própria naturalidade na tentativa de satisfazer nossos desejos, ou de ante-mão, na tentativa de amaciar nosso ego, mesmo que temporariamente. Cada pessoa tem seu espaço, e o direito de fazer o que quiser. Um bom relacionamento é construído através desses ideais. Através da aceitação de que cada um, embora sejam receptores de um mesmo sentimento, possuem o direito de mudar de escolha. 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Ser leve. Ser você !


Hoje resolvi ser mais leve. 
Quero  chegar em casa, depois de um dia cansado e me esparramar no chão da sala, olhando para o teto e respirando vagarosamente.  Quero tomar aquele café que apenas o Gabriel sabe fazer, e sentir sabor real daquela coisa que eu chamo de estranha que passa queimando minha garganta e me despertando vontade de querer mais.  Quero poder tomar banho, e ficar debaixo do chuveiro saboreando aquela água caindo entre as minhas costas, os meus cabelos, e por fim, na minha alma.  Quero poder sentar no sofá, folear meus livros de filosofia e sentir o cheiro de conhecimento misturado com aquele cheiro gostoso de  livros velhos, sem ter que me preocupar com o que tenho que fazer daqui cinco ou dez minutos.  Quero poder ligar a minha vitrola, colocar aquelas músicas do Chico, e dançar, dançar, dançar, até ficar casada e sentir vontade de telefonar para o Gabi e ficar conversando por horas sobre psicanalise, e sobre a viagem que pretendemos fazer.  Quero poder olhar nos olhos e dizer que amo.  Abraçar, acariciar o corpo, e deitar com a cabeça no peito, sem precisar me envolver emocionalmente, e sem me preocupar qual a denominação dessa ou daquela relação afetiva.  Quero poder passear pela cidade, observar o movimento, a paisagem e as pessoas.  Quero poder almoçar em família, sorrir em família, e amar em família, sem precisar ficar a todo momento recordando as magoas e brigas que outrora aconteceram.  Quero poder ficar a sós com a natureza e meditar, aprofundando o meu estado de introspecção, sem precisar me preocupar com essa ou aquela coisa que me torna um pouco mais ansiosa. Quero poder sair com os amigos, tocar violão, fumar, sem precisar me preocupar com  horários ou responsabilidades no dia seguinte.  E por fim, eu quero apenas ser eu mesma, sem isso de agradar ou de ter que fazer social para ter um número de amigos ou pretendentes um tanto quanto maior.  Quero mesmo é usar meu coturno vintage marrom, minha blusa de renda, meu laço de bolinhas, e minha bolsa marrom, me sentindo uma estranha socialmente, e ao mesmo tempo tão amigável com meu verdadeiro eu.  Quero mesmo é ser livre!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Escrever:


É inegável o fato de que a escrita me deixa mais viva, mais lúcida e mais sólida.
Escrever é nada mais do que um simples tentar se recompor por detrás daquilo que te define. 
Muitas pessoas me perguntam o que tem de tão bonito na escrita, e eu simplesmente respondo: A escrita é definição, e isso é bonito! 
Tudo bem que o olhar e a expressão física também definem, mas a escrita é determinante. Dificilmente há dois caminhos para um poema/crônica bem construído. 
Definição essa que por vezes basta  para uma demonstração subjetiva de amor, afeto e paixão se tornar mais real.  Definição essa que muita das vezes torna os meus medos e manias menos acessíveis internamente.  Grandes poetas, escritores, filósofos e dramaturgos vivem da escrita, da poesia, da crônica e do poema.  Fazem disso um alicerce para a vida cotidiana, e passam a depender desse amontoado de letrinhas em harmonia.
Eis aqueles que por vezes não conseguem compreender a grandiosidade do conjunto de palavras em harmonia, e claro, preferem acreditar no silencio de algo que não soube ser exposto. 
Por fim, não há definição maior do que saber que quando se trata de escrever, basta ter um lápis na mão, e deixar que naturalmente, a alma fale por si mesmo. 
Pra mim, escrever é o amor manifestado em necessidade de me tornar mais viva. 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Pode dizer, coloca pra fora, tô contigo!

Pode dizer, coloca pra fora, tô contigo, quero te ver bem.  Foram essas as palavras que ouvi enquanto estava trancada no meu quarto, lamentando a dor de algo que não sei o que é. Algo que é muito menos do que existir e muito mais do que permanecer.  Sou meio assim, tão mais ou menos, cheia de termos e modos não denominados e não classificados virtualmente através da escrita. Algumas  coisas ficam guardadas só pra gente. E a gente sofre em silêncio, e o outro nem percebe.  Daí a dor aumenta, por saber que o outro não te conhece quando está mal, e você começa a chorar.  Coloca aquela música do Neil Young, e chora, chora, e coloca as mãos sobre a cabeça, escondendo teu rosto como se fosse tapar sua angustia, e continua chorando.  A angustia é forte e você não sabe se telefona e pede socorro, ou se finge que está tudo bem.  Diz que você só está ocupada demais e sem tempo pra sair, engole a angustia e sorri.  
É uma dor imensa, uma vontade louca de abrir a janela da alma e colocar tudo pra fora.  Uma vontade gritante de fazer aquilo que toda pessoa faz quando está depressiva: Gritar, e gritar e gritar. Mas eu não faço nada.  Não faço nada a não ser silenciar e fingir que está tudo bem.  Eu sempre fui assim.  Sempre chorei por dentro e sorri por fora.  As pessoas até acreditavam, e sorriam junto.  Papai sempre disse que eu era boa atriz, desde nova. Gostava de falar sozinha e fazer toda aquela encenação de quem sabe o que faz, mas tem medo que os outros descubram.  Continuo chorando.  A minha dor é menos que minha vontade de ir procura-lo, e mais que meu medo de descobrir que sua vida tem andado bem sem mim.  A minha dor é quase que do tamanho da vontade de morrer.  Morrer por dentro e se reconstruir novamente.  As lagrimas molharam o meu vestido, e o meu quarto cheira a dor de algo que não tem nome.  Pra que ter nome? Eu penso.  Mamãe liga e pergunta como tenho andado, eu engulo o choro e digo que tenho trabalhado muito. Ela sorri e diz que sente saudades.  Começo a chorar silenciosamente e desligo o telefone.  Talvez eu acabasse de descobrir o segredo da minha dor:  Carência.  Carência de afetividades familiares, amigas, e amorosas. Não que me faltasse esse tipo de coisa, mas  é aquela coisa de que todo mundo precisa ser surpreendido por quem gosta.  Talvez fosse esse o nome: A falta de algo que ainda nem chegou em mim. Levantei, lavei o rosto, olhei no espelho e disse pra mim mesma: Recomponha-se menina. Recomponha-se. 

Viver bem.

Resolvi contar o meu segredo para viver bem. Deixe de lado todas essas recomendações de terapeutas e dietas. O segredo é nada mais que amar a si mesmo. Amar-se ao ponto de não precisar que alguém tape os espaços vagos da sua existência. Amar-se ao ponto de não depender de projeções externas para se sentir bem. Amar-se ao ponto de reconhecer no outro aquilo que te falta, e fazer do outro um complemento existencial. O segredo é nada mais que olhar no espelho e deixar de lado todas as imperfeições externas. É olhar para o espelho e refletir sua alma!
O primeiro passo é bem barato e fácil de conquistar: Descubra as coisas que te façam bem, sejam elas as mais particulares possíveis. Andar de descalço, comer chocolate, ir ao cinema sozinho, ler historias em quadrinho, fazer doce, ou dançar sozinho. Comece a praticar essas coisas diariamente e perceba que ninguém é melhor para companhia do que você mesmo. E só depois de se amar muito, que poderá amar alguém!
Ser feliz não tem preço, é de graça e não gasta receita !

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

(In)voluntariamente.


De repente esse laço se corrompe e você percebe que valeu a pena, mas não da mais. A vontade de introspecção começa a fluir, e você não sabe silenciar, já que se acostumou com a presença.  Tudo se torna mais complicado quando naturalmente a singularidade começa a surgir. Você começa a desejar sua presença, e a querer ausência de tudo: Familiares, namorado, amigos, e principalmente das coisas que mais gosta. Não é egoísmo, você auto-afirma. É apenas uma vontade de ficar sozinha. De repente você percebe que já faz uma semana que não fala com ninguém, e que ninguém te procura. Você não sente falta, e nem eles. Você descobre que é difícil lidar consigo mesma, e começa a te achar invulnerável. Mas não é possível que eu seja tão distante assim, pensei.  Você quase não se encontra consigo mesma. A vontade aperta, e você passa a ficar deitada, por dias, sem vontade alguma de se sentir amada, desejada, e assim, não surge nenhuma reciprocidade. Passaram-se um mês, e você sente uma vontade gritante de sair do conforto do quarto. Parecia ser um insight, que involuntariamente tomou conta do seu ser, e te fez, quase que sem escolhas, uma pessoa mais plena e mais preparada para lidar com as adversidades. Você sorri. Abre a porta da  alma, e resolve telefonar. Descobre que ele estava lá, esperando seu tempo, e sua recomposição. Se sente bem, e resolve caminhar a procura do outro, já que se está cheia de si mesma. 

Qual o segredo?


Levantei, abri a janela do quarto, olhei no espelho e me senti maravilhosamente bem. Tomei banho, arrumei a mesa do café, sem precisar que alguém se levante e exigisse que eu fizesse isso ou aquilo. Organizei uns livros que haviam ficado na mesa da cozinha, juntei-os, fumei um cigarro, ainda de roupão para que o cheiro não ficasse na minha roupa.  Fui até o quarto, coloquei minha calça preta, e meu casaco preto. Fazia muito frio, e adoro abusar nas roupas de inverno.
 Sentei na mesa, esperando que o jornaleiro trouxesse o jornal, quando ele bate na minha porta, sorri e diz: Estas bela hoje, senhorita. Qual o segredo? Eu sorri, e disse que o segredo era dormir cedo. Ele retribuiu o sorriso, e se foi.  Sentei no sofá, tomei o café, li as noticias, e umas piadinhas não tão engraçadas.  Já era 8:00 e precisava ir a minha aula de piano... Passei meu batom vermelho e abrindo o portão deparei-me com um vizinho, daqueles que sempre educadamente deseja um belo bom dia, um tanto quanto animado. Logo foi dizendo: Nossa, caprichou hoje... O que foi? Um novo amor? Retribui o sorriso, e insisti que o segredo era dormir cedo.  Ela sorriu receptivamente e saiu.
As ruas estavam movimentadas e a chance de encontrar algum velho amigo, ou alguma tia que adora perguntar sobre o namorado, ou quem sabe encontrar aquele velho flerte, mas por incrível que seja, não encontrei ninguém.
Chegando na sala de piano, minha querida professora, sorrindo com uma flor na mão, me disse: Acabei de ganha-la, mas vejo que quem a merece é você. Estás deslumbrante hoje. O que foi? Conseguiu produzir um texto bacana? Agradeci pela rosa vermelha, e disse que o segredo era a meditação que andei fazendo essa semana. Confesso que cheguei acreditar que poderia ser, ou quem sabe, fosse essa minha vontade de encontrar alguém legal.
Voltando pra casa, encontrei um velho amigo, que não nos falávamos a tempo. Ele foi logo comentando que estava namorando e que estava muito apaixonado pela tal menina, e fez um comentário muito feliz da parte dele: Vejo que estás mais serena. O que andou acontecendo de tão bonito na sua vida? Fiquei surpresa de como as pessoas andaram percebendo o meu desenvolvimento intelectual nesses últimos tempos. Não sabia se dizia sobre a meditação ou se falava que o segredo era realmente dormir cedo. Acabei, quase que indiscretamente, falando que o segredo era não se apegar a ninguém. Ele sorriu e disse que era quase que imoral aplicar essa ideia na sua vida, justo nos primeiros meses de namoro. Havia dado minha hora e precisava voltar pra casa, não rendi assunto, e disse que adorei a conversa, e que esperava que nos encontrássemos numa próxima oportunidade.
Chegando em casa, tirei o sapato, o casaco, respirei e disse:  O segredo é nada mais que amar a si mesmo, e não estar carregando nenhuma bagagem de ninguém, a não ser a sua própria.
 O segredo é aprender a se olhar no espelho e não negar as imperfeições externas. O segredo é olhar pro espelho, e refletir a tua alma, pois essa sim, é o caminho para felicidade !  

Homossexualidade SIM !


O que é ser homossexual e heterossexual? Gostar de meninas  e gostar de meninos?
É tão banal que em pleno século XXI seja necessário definir sua orientação sexual e que através dessa definição as pessoas vão definir também seu caráter.  Desde quando a orientação sexual ou com quem você fez faz sexo, define quem você é? 
Estamos sendo sujeitos a enquadrar a determinadas condições sociais que já são prontas e quase que governadas por determinadas pessoas. Condições  que quando escolhidas definem imoralmente aquilo que somos. Sejam elas: Orientação sexual, classe social, faculdade, lugares que se frequenta, ciclo de amizades, roupas e estilo musical.  Não nego que são escolhas e características que de certa forma definem nossas intimidades, mas ao mesmo tempo, não por negação, mas digo que não são tão determinantes como dizem.  Gostar de meninas e se relacionar com elas, não deveria ser algo tão frustrante e tão espantoso como dizem. Tudo bem que é aceitável aquele velho papo: “Na minha época não era assim”. Mas é claro que na sua época não era assim querida vó, ou querida mãe. O problema é que na sua época as coisas precisavam ser mais discretas que o necessário, e outra coisa, não se tinham tanta liberdade para demostrar àquilo que sentia. Ou vem dizer que todas as suas escolhas nessa época foram consentidas com suas vontades? E não é só isso que diminui a ênfase na orientação sexual. Tem aqueles um tanto quanto medíocres que dizem ser uma doença, ou fruto de uma frustração vivencial.  Eu nego! Tudo bem que frustações muita das vezes fazem com que mudamos a ordem da nossa vida, e que de certa forma, alteremos alguns de nossos valores, mas são casos raros, e existem SIM, pessoas que optam por essa escolha, por uma simples razão: PREFERENCIA.  
Mais uma vez eu questiono:  Você acha realmente que alguém deixa de ser tão atraente intelectualmente pela sua escolha sexual?
No amor não existe o olhar para a beleza física, existe nada mais que o enxergar profundo através da alma do outro.

Pra mim não existe isso de ser heterossexual ou homossexual. No meu conceito mais íntimo, existem momentos heterossexuais e momentos homossexuais. Quem é que vai definir uma demostração de amor e sua grandeza?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Eu.

Sei ser poeta, filosofa, namorada, amiga, filha, irmã, ficante e todas essas denominações da existência. 
Gosto de ler, de falar até me mandarem calar a boca, de fazer os outros sorrirem, de chorar junto com os amigos, e de dizer coisas doces para a pessoa que amo, ou que esteja flertando. 
Gosto de chocolate, doce da Tia, comida servida na cama que só minha mãe faz. 
Gosto de me sentir livre, e gosto de ouvir elogios. 
Gosto de gente humilde e gente que fala bem. 
Gostando ou não gostando, sendo ou não sendo, bem, essa sou eu. 

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Fazer amor.


Estava frio, muito frio.
Estávamos em uma bela casa de madeira, antiga, velha, mas cheia de vida e lembranças. Era rústica, com moveis antigos e decorações da década de 50.  Havia roupas de época, e uns chapéus-coco, que era o nosso fetiche enquanto fazíamos sexo.  Lembro que eu subia em cima da cama, o colocava, enquanto tocava aquela música melancólica do Neil Young, e dançava com os cabelos sobre os seios, e com você debaixo de mim, sorrindo e observando as mais íntimas partes do meu corpo. Ao lado da cama havia cigarros, e as nossas roupas umas sobre as outras.
 O teu perfume cheirava a casa inteira, aquele cheiro, como é mesmo que eu dizia?  - Cheiro de sexo com amor. Enquanto me distraia com o chapéu-coco, e observava a neve caindo lá fora, você me sorriu alto e me perguntou se eu gostaria de tomar um café estilo puritana. Pediu-me que botasse aquele vestido de ceda, de bolinhas, e enquanto eu me trocava, pediu que continuasse com o chapéu, só pra não perder o clima...  Assim o fiz.
Organizamos aquela mesa de madeira, (totalmente velha e bem escura), com uma toalha preta e com velas vermelhas.  Na tentativa de manter o clima de paixão e desejo ardente.
Ele chegou por detrás de mim, me pegou pela cintura e sussurrou com palavras doces ao meu ouvido:  - Eu te quero pra mim/em  mim.  Eu mal sabia o que responder, logo que tínhamos encontros um tanto quanto casuais e sem muito compromisso. Eu não queria me envolver emocionalmente e muito menos ele.  Isso iria contra o nosso trato de amantes-amigos.
Embora sempre tenha sido inegável que entre nós havia uma conexão saudável e uma vontade imensa de prosperar aquele relacionamento, eu não poderia ir contra o combinado do primeiro encontro.  Ele um rapaz puritano nas horas vagas, e eu também. Ambos com medo de relações afetivas e com medo do amor.  Ele com medo de se machucar e eu com o desejo imenso de ser livre.  Considerava-me um tanto quanto infiel quando o assunto se tratava ter um compromisso.  
Gostava de quando ele aparecia no meu apartamento, de repente, cada dia com um objeto sexual diferente, e com a mania louca de aparecer sem avisar e com o combinado de não nos deixarmos permitir mandar algum e-mail ou dar algum telefonema por ausência ou carência.  Confesso que teve uma vez que acordei na madrugada, com uma vontade louca de ouvir palavras e juras de amor, até pensei em algum ex-namorado, mas sei lá, seria estranho demais, e resolvi dormir.  Inconscientemente eu sabia que ele seria o ideal.
 Nos conhecemos por  termos o mesmo ciclo de amigos, e confesso que quando o vi pela primeira vez, senti uma vontade louca de chegar perto dele e pedir seu telefone, dizer que topava fazer sexo naquele dia mesmo.
Tão estiloso e tão charmoso com aquele cabelo preto e olhos verdes.  Fora que era metido a filósofo e a poeta.  Tenho  um puta fetiche com homens assim. 
Antes que eu perca a ideia central desse texto maluco:
Quando ele me disse que queria  que eu fosse dele, eu mal sabia o que fazer e o que responder. Não sou de frases prontas e tudo surge naturalmente comigo.  Não sabia se dizia logo que também queria, ou se fazia de durona e dizia que sei lá, vamos fazer sexo e ir cada um pra sua casa.  A única coisa que surgiu foi:  - Gostaria de tocar uma música pra você.
Fomos até o piano, e comecei a tocar uma música do Allan Jackson.  Ele sentou do meu lado e vi que uma lagrima começou a escorrer de seu rosto.  Eu pensei que era impossível, justo ele, tão durão e tão metido a machão. Continuei tocando, não por dar continuidade a música, mas porque não sabia o que fazer ou falar.  Toquei por cinco minutos, e quando a música finalizou, lagrimas escorreram dos meus olhos.  Não poderia ser por amor, eu pensei.  Não é possível que o amor estava em nós esse tempo todo e eu não percebi.  
Era quase que obvio:  Nos amávamos da forma mais natural possível. Sem nunca termos precisado dizer eu te amo, e nunca termos tido  uma exigência um com o outro. 
Levantei, enxuguei as lagrimas do seu rosto, olhei em seus olhos e disse:
- Aceita sair comigo?
Ele sorriu, me abraçou e mais uma vez sussurrou:
- Aceito. Só se depois fizermos o nosso primeiro amor. 



segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

JUVENTUDE:


O problema da juventude é o comodismo. Aceitam suas condições e sentam a bunda no conforto. Sabem eles que os pais ou quem quer que seja que tomam conta dessa vidinha "preguiçosa", sempre irá fazer qualquer coisa para manter esse conforto.
É por isso que ficam anos tentando passar em uma Universidade federal, ou até mesmo optam por viver as custas do pai, ou ir tomar conta de alguma empresa que o pai deixou, fingindo ter conquistado algo na vida.
Concordo com Luiz Carlos Prates quando ele diz que o problema muita vezes são os pais, que desde novos educam os filhos ao antigo dilema: "Faço tudo por vocês.". Se o filho já nasce ouvindo isso, é certo que sua consciência não vai projetar a ideia existencialista de que no fim ele estará sozinho e que depende apenas dele mesmo para ser alguém na vida.

O problema muita das vezes é da sociedade também. A SOCIEDADE tem dado muito brecha para a preguiça alheia.
O sistema criando programas de televisão que alienam as pessoas, a lei dizendo que os jovens podem trabalhar apenas com 16 anos.
Os pais exigindo apenas o estudo e muitas outras coisas.
Por fim, é uma pena que a sociedade e a juventude tem se tornado cada vez com uma produção intelectual menor. Pouca bagagem cultural, e pouco investimento na educação moral.
Me pergunto: Onde vamos chegar? (Angélica Mendonça)

sábado, 5 de janeiro de 2013

Argumentar.


Harmonizar-se-constantemente.


O equilíbrio e a harmonia com o universo acontecem através da nossa aceitação com as coisas naturais da nossa própria natureza. Uma das mais importantes é aceitação de que a qualquer momento precisaremos abrir mão dos nossos desejos mais íntimos, a procura de ideais que prevaleçam. Outro um tanto quanto intrigante é aceitação do sofrimento e do seu esgotamento, que se da com o tempo e com a nossa tranquilidade perante a ele. O sofrimento faz parte da natureza e é a prova de que existem conflitos no universo que são capazes de alterar nosso estado de espirito.  O sofrimento permanente é aquele que permanece no ser pela ausência de compreensão. A compreensão é fundamental para o entendimento daquilo que somos e para de certa forma diminuir o sofrimento perante aquilo que nos é externo.  Quando se há compreensão, (e não uma compreensão frouxa de aceitar tudo), mas sim uma compreensão baseada em fundamentos que fortaleçam a nossa posição, é que certamente estamos a um passo de conquistar o equilíbrio. O budismo nos ensina a compreender todas as coisas do universo, e confirmo que esse é um dos mais belos valores, a não ser o do respeito, que confirma que somos seres humanos capazes intelectualmente de lidar com a nossa realidade. 

Reclamando.


Depois de tanto tempo sem fumar, aqui estou eu.  Com o cigarro entre os dedos e com o coração na mão, não sabendo se digo que sinto muito ou se digo que foi bom enquanto durou. 
As vezes bate uma vontade imensa de desabafar e dizer tudo aquilo que fica sussurrando entre a minha existência e a minha vontade de ser alguém melhor. O ano começa e a vontade de mudança começa a surgir.
Quase que incontrolavelmente  abro as janelas do meu apartamento e começo a ouvir Belchior, só pra disfarçar a saudade de alguém que esteve por aqui na noite passada. Esse alguém que me presenteou com sorrisos largos e palavras doces. 

  As vezes a coerência com que as coisas acontecem na minha vida me deixa perturbada e com receios. Impressiona-me  o fato de como as coisas se tornam tão antinatural quando damos liberdade pra que tudo possa acontecer, e quando certamente passamos a tratar todas as coisas com normalidade.  Tratar com normalidade não significa aceitar tudo aquilo que o outro é ou faz, ou até mesmo tudo aquilo que o universo transforma.
Calma ai! Por mais natural que eu seja,  também tenho o direito de reclamar, e de vez ou outra achar que determinadas naturalidades me incomodam. Ninguém é  obrigado a lidar com todas as características do outro com total compreensão e total paciência. Embora seja eu, a dona da aceitação/compreensão e paciência com os outros, tenho o ultimo degrau de cada coisa, e se alguém o ultrapassa é certo que de antemão não irei gostar. E qual o problema se eu não gostar?
O meu apartamento fede a rancor, e cheira a morte de algumas coisas. Quem é que nunca matou alguém dentro de si mesmo?
Por mais que as janelas estejam abertas e por mais  que meu drink esteja do meu lado, pronto pra que eu comece e toma-lo até perder a consciência de todas essas escritas e pensamentos, eu tenho vontade de abrir a porta da alma e dizer que é uma pena que a ignorância ou talvez a petulância seja dominada pela arte de compreender que os outros erram, e que errar é uma das naturalidades mais aceitáveis da natureza humana.