sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Pode dizer, coloca pra fora, tô contigo!

Pode dizer, coloca pra fora, tô contigo, quero te ver bem.  Foram essas as palavras que ouvi enquanto estava trancada no meu quarto, lamentando a dor de algo que não sei o que é. Algo que é muito menos do que existir e muito mais do que permanecer.  Sou meio assim, tão mais ou menos, cheia de termos e modos não denominados e não classificados virtualmente através da escrita. Algumas  coisas ficam guardadas só pra gente. E a gente sofre em silêncio, e o outro nem percebe.  Daí a dor aumenta, por saber que o outro não te conhece quando está mal, e você começa a chorar.  Coloca aquela música do Neil Young, e chora, chora, e coloca as mãos sobre a cabeça, escondendo teu rosto como se fosse tapar sua angustia, e continua chorando.  A angustia é forte e você não sabe se telefona e pede socorro, ou se finge que está tudo bem.  Diz que você só está ocupada demais e sem tempo pra sair, engole a angustia e sorri.  
É uma dor imensa, uma vontade louca de abrir a janela da alma e colocar tudo pra fora.  Uma vontade gritante de fazer aquilo que toda pessoa faz quando está depressiva: Gritar, e gritar e gritar. Mas eu não faço nada.  Não faço nada a não ser silenciar e fingir que está tudo bem.  Eu sempre fui assim.  Sempre chorei por dentro e sorri por fora.  As pessoas até acreditavam, e sorriam junto.  Papai sempre disse que eu era boa atriz, desde nova. Gostava de falar sozinha e fazer toda aquela encenação de quem sabe o que faz, mas tem medo que os outros descubram.  Continuo chorando.  A minha dor é menos que minha vontade de ir procura-lo, e mais que meu medo de descobrir que sua vida tem andado bem sem mim.  A minha dor é quase que do tamanho da vontade de morrer.  Morrer por dentro e se reconstruir novamente.  As lagrimas molharam o meu vestido, e o meu quarto cheira a dor de algo que não tem nome.  Pra que ter nome? Eu penso.  Mamãe liga e pergunta como tenho andado, eu engulo o choro e digo que tenho trabalhado muito. Ela sorri e diz que sente saudades.  Começo a chorar silenciosamente e desligo o telefone.  Talvez eu acabasse de descobrir o segredo da minha dor:  Carência.  Carência de afetividades familiares, amigas, e amorosas. Não que me faltasse esse tipo de coisa, mas  é aquela coisa de que todo mundo precisa ser surpreendido por quem gosta.  Talvez fosse esse o nome: A falta de algo que ainda nem chegou em mim. Levantei, lavei o rosto, olhei no espelho e disse pra mim mesma: Recomponha-se menina. Recomponha-se. 

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