Depois de tanto tempo sem fumar,
aqui estou eu. Com o cigarro entre os
dedos e com o coração na mão, não sabendo se digo que sinto muito ou se digo
que foi bom enquanto durou.
As vezes bate uma vontade imensa de desabafar e
dizer tudo aquilo que fica sussurrando entre a minha existência e a minha
vontade de ser alguém melhor. O ano começa e a vontade de mudança começa a
surgir.
Quase que incontrolavelmente abro as janelas do meu apartamento e começo a ouvir Belchior, só pra disfarçar
a saudade de alguém que esteve por aqui na noite passada. Esse alguém que me
presenteou com sorrisos largos e palavras doces.
As vezes a coerência com que as coisas
acontecem na minha vida me deixa perturbada e com receios. Impressiona-me o fato de como as
coisas se tornam tão antinatural quando damos liberdade pra que tudo possa
acontecer, e quando certamente passamos a tratar todas as coisas com
normalidade. Tratar com normalidade não
significa aceitar tudo aquilo que o outro é ou faz, ou até mesmo tudo aquilo que
o universo transforma.
Calma ai! Por mais natural que eu
seja, também tenho o direito de
reclamar, e de vez ou outra achar que determinadas naturalidades me incomodam.
Ninguém é obrigado a lidar com todas as características
do outro com total compreensão e total paciência. Embora seja eu, a dona da
aceitação/compreensão e paciência com os outros, tenho o ultimo degrau de cada
coisa, e se alguém o ultrapassa é certo que de antemão não irei gostar. E qual
o problema se eu não gostar?
O meu apartamento fede a rancor, e
cheira a morte de algumas coisas. Quem é que nunca matou alguém dentro de si
mesmo?
Por mais que as janelas estejam abertas
e por mais que meu drink esteja do meu
lado, pronto pra que eu comece e toma-lo até perder a consciência de todas
essas escritas e pensamentos, eu tenho vontade de abrir a porta da alma e dizer
que é uma pena que a ignorância ou talvez a petulância seja dominada pela arte
de compreender que os outros erram, e que errar é uma das naturalidades mais
aceitáveis da natureza humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário